31 de agosto de 2013

"Café Chave D'Ouro" de Kurt Pinto


O Café estava a abarrotar de gente(...). O ar cheio de fumarada e pesado hálito de tantas pessoas...a História dos Refugiados vestia os mesmos trajes com os quais tinha abandonado a sua terra ou o país que temporariamente lhes tinha concedido asilo. As roupas estavam velhas e gastas, sujas e muitas vezes esfarrapadas.

Erika Mann
in Exposição "A Última Fronteira - Lisboa em Tempo de Guerra"
Agosto 2013

29 de agosto de 2013

"Ardina" fotografia de Horácio Novais


Dia após dia, cruzávamo-nos com músicos, cantores e cantoras joviais, um pouco por toda a cidade.
Durante uma semana inteira chegaram-nos aos ouvidos ecos de música frenética de baile, das bandas do mercado. E quem não tenha ouvido os apregoadores de jornais às sete da manhã, não sabe do que a voz humana é capaz.

Alfred Doblin
in Exposição "A Última Fronteira - Lisboa em Tempo de Guerra"
Agosto 2013

28 de agosto de 2013

Nos 50 anos


"Martin Luther King", Wizard and Genius




Há homens que lutam toda a vida,
esses são os imprescindíveis.

Brecht
Janeiro 2011


Para a Bertinha, minha Mãe, lutadora e imprescindível.

Dediquei-o à minha Mãe.
Não posso deixar de o publicar novamente nos 50 anos do célebre discurso.
Para todos nós que acreditamos que alguma coisa tem de mudar.

23 de agosto de 2013

"Porte d'Aval" de Claude Monet


...on n'était pas du même bord,
mais on cherchait le même port.

Jacques Brel
in  Conversa com Henrique Schreck
Abril 2013

18 de agosto de 2013

"Fiesta, fiesta, fiesta! Cuando va a acabar?!", Urbana Postales



Que venha o sol o vinho e as flores
Marés, canções de todas as cores
Guerras esquecidas por amores;

Que venham já trazendo abraços
Vistam sorrisos de palhaços
Esqueçam tristezas e cansaços;

Que tragam todos os festejos
E ninguém se esqueça de beijos
Que tragam pendas de alegria
E a festa dure até ser dia;

Que não se privem nas despesas
Afastem todas as tristezas
Pão vinho e rosas sobre as mesas;
Que tragam cobertores ou mantas
E o vinho escorra p'las gargantas
E a festa dure até às tantas;

Que venham todos de vontade
Sem se lembrarem de saudade
Venham os novos e os velhos
Mas que nenhum me dê conselhos!

Que venham todos de vontade
Sem se lembrarem de saudade
Venham os novos e os velhos
Mas que nenhum me dê conselhos! 


José Niza
in "Festival da Canção"
Agosto 2013


12 de agosto de 2013

"EL ABRAZO" de Pablo Picasso


Aliás, eu cresci com ela, vivi com ela a minha infância e adolescência, enquanto ela vivia, sob o meu olhar, o seu único e maravilhoso romance de amor com o meu avô Tomaz. Como já não se vivem mais, como já ninguém sabe mais viver.
Se hoje, a alguma mulher- ou homem vá- fosse proposto um amor assim, feito de de um amontoado de dias sempre iguais, de hábitos, rituais, incompreeensíveis manias estabelecidas, feito de tantos e tantos silêncios, de olhares mudos, mãos que às vezes tocavam disfarçadamente sobre a mesa quando mais ninguém estava a ver, feito de tantos e tantos trabalhos esforçados, canseiras, cansaços, desilusões e embaraços, quem, que mulher, que homem, chamaria a isso amor?
Quem de nós, hoje, quereria viver um romance assim, fechado numa aldeia fechada para o mundo, entre ovelhas, porcos, galinhas, Invernos gélidos e Verões de um calor impiedoso, toda uma vida sem tréguas, nem disfarces, nem sequer um aparelho de televisão que trouxesse a essa vida uma dose mínima de ilusão e de mentira? Quem de nós conseguiria amar sem ilusão, amar sem Televisão?


Miguel Sousa Tavares
in "Madrugada Suja"
Julho 20013