30 de janeiro de 2008

"Les yeux bleus" de Henri Matisse


Espero que quando
a inspiração chegar
me encontre acordado.

Pablo Picasso
in Expresso
Outubro 2007

27 de janeiro de 2008

"rodopio" de Inês Campos


Há dois anos caí de para-quedas no festival Andanças em S.Pedro do Sul, de danças de todo o mundo.Entre dias descalços e noites de música, as danças que mais me tiraram o sono foram as tradicionais europeias. Mais tarde, já em Lisboa, decidi ter aulas, ao mesmo tempo que descobri existirem pequenos encontros destas danças quase quinzenalmente na capital, em teatros ou na rua. E começou o fascínio.
Entre saias que rodam e olhares que se cruzam desprevenidamente, aos poucos fui descobrindo a simplicidade com que nos podemos entregar ao que não conhecemos. Aos poucos fui descobrindo a alegria de uma chappeloise e o êxtase de um círculo, danças que nos fazem trocar de par e oferecer o que não somos a quem nos vê pela primeira vez. E segunda, e terceira e quarta. Aos poucos fui descobrindo o desenrascar em gargalhadas de uma scotish, dança de pares que nunca trocam. Aos poucos fui descobrindo, o jogo de sedução que é uma burrée, onde sem nunca tocarmos no nosso par, o perseguimos e o fazemos perseguir-nos, com voltas e fingimentos e sorrisos. Mas sobretudo com os olhos. Quando os olhos sorriem só por si, ou fitam, ou fixam, numa burrée nem é preciso fazermos sorrir a cara. É como se os olhos comandassem o nosso corpo, e o corpo de quem dança connosco. Somos comandados também, claro que somos e gostamos.
Porém a dança que mais prazer me deu descobrir (ou talvez desvendar) foi a mazurka. É uma dança a pares, o homem conduz a mulher. Entre a subtileza de um "up" e a naturalidade de voltas leves, entregamos tudo por uma música e inconscientemente fazemos os olhos fechar, e acordar só no fim.
Gosto sobretudo do encanto de todas as cores em que nos transformamos while dancing. Transformamo-nos? Acho que sim. Não. Não sei se. Afinal, pela música de Manuela Azevedo dos Clã "dançar é apenas um modo mais intenso de existir, é sentir o tempo do mundo, e deixar-se ir...".

Deixo-me ir. No fim, abro os olhos e inclino-me ligeiramente. Agradeço.

Joana Félix
in" Comtextos"
Abril 2007

21 de janeiro de 2008

Guatemala, fotografia de Jeffrey Becom


A cor é um meio de exercer influência directa na alma.
A cor é o teclado...O artista é a mão que toca o piano.

Vassily Kandinsky
in "Tesouros de Arte"
Outubro 2007

13 de janeiro de 2008

"a rosa" , rosário


A rosa é sem porquê,
floresce porque floresce.
Não cuida de si própria,
não pergunta se a vemos.

Angelus Silesius
Março 1992

7 de janeiro de 2008

Nebrasca 1934, fotógrafo não identificado


A única maneira de salvar um casamento
é conseguir deixá-lo.

Irvin D. Yalom
in "A cura de Schopenhaur"
Novembro 2007

1 de janeiro de 2008

Dia Mundial da Paz?

desenho de um menino sudanês de oito anos


Este desenho foi feito por um menino que tinha 8 anos quando a sua aldeia no Darfur foi atacada por tropas governamentais sudanesas e pela milícia pró-governamental Janjawid. O desenho mostra os militares a cavalo a disparar rajadas de metralhadoras sobre os aldeões, que resistem com arcos e setas e lanças. A raiz étnica da violência é visível na cor da pele: mais clara nos militares, mais escura nos atacados. Hoje, o rapaz que fez este desenho tem 12 anos e vive num campo de refugiados no Chade. Este é um dos desenhos que o Tribunal Penal Internacional de Haia aceitou como prova contra um ministro sudanês e um líder da milícia Janjawid, indiciados em crimes de guerra e contra a humanidade, mas que ainda não foram presos. Os desenhos contradizem a versão governamental dos acontecimentos e provam a implicação das tropas sudanesas. O conflito no Darfur já causou 300 mil mortos e 2,5 de deslocados.

in Público
Novembro 2007