1 de janeiro de 2018

Repito

"Equilibre" de Jean-Michel Folon


Quero é ir à Lua

Tantas noites eu olhei enfeitiçado
O mistério daquele rosto prateado:
"Ai que bom era pensava p'ra comigo
Penetrá-la e saber o seu sentido".

Concebido por cientistas e inventores
P'a fazer um foguete, os serralheiros
Queria congregar, e os fundidores,
Os mecânicos e mais os carpinteiros.


Vou partir à descoberta
A Terra é a minha prisão
Quero desta vida incerta
A Lua na minha mão.


Quero vestir um fato especial
Voando; com Alcofrisbas, Nostadamus,
Omega e também Parafagamus
Percorrendo o território sideral.

Não sabendo se há na Lua Selenitas,
Nem que esforços e perigos correrei;
Mas porque sonho maravilhas infinitas
Não é pequena a alma que terei.


É pois isto que me move,
A terra é a minha prisão,
Vou na brasa, vou a nove,
Quero a Lua em minha mão.


Ver cada vez mais perto o rosto inerme,
Conseguir desvelar-lhe os pormenores,
Tocar-lhe suavemente a epiderme
Mergulhando talvez por um dos poros.

Explorar-lhe, logo após, vales e faces
(Como se ela estivesse toda nua)
A visível, a oculta e os entrelaces
Conhecer quem tu és, ó bela Lua!


Possa eu ir onde quiser
A Terra é a minha prisão,
Mãe te digo, haja o que houver,
Quero a Lua em minha mão.


Raul Henriques
in "Celestino Ventura e o século da Lua"
Teatro Trindade, Maio 2005

1 comentário:

Anónimo disse...

Um bom Ano na apetitosa lua do Raul... vamos também! g.